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Além de divulgar meu trabalho como psicólogo, quero compartilhar com você neste espaço, diversos materiais relacionados à psicologia, como: artigos, opiniões, fóruns, links, livros, filmes, entre outros.
Espero que este blog seja relevante para seus interesses.
Aguardo seu contato.

Luis C. Pontes
CRP 08/17138

terça-feira, 27 de março de 2012

Elogiar sim, por que não? Parte 1

Possivelmente você já deva ter escutado, ou mesmo, até compartilhe do seguinte dizer: “Elogiar estraga”.
Felizmente, isso não é verdade. Muito pelo contrário, é fácil encontrar diversos bons motivos para elogiar.
Porém, justamente no simples ato de elogiar, está o problema, não para quem é elogiado, mas, para quem expressa o elogio.
Ao elogiarmos, teoricamente estamos exprimindo nossa admiração e aprovação a alguém. E, tal fato, nem sempre é agradável para nós, ou seja, a atitude de reconhecermos que uma ação, um feito de determinada pessoa foi correto, bem executado, enfim, pode nos gerar certo desconforto. Pior ainda, quando o elogio recai sobre algo realizado, do qual também costumamos fazer. Por exemplo, pode ser complicado você elogiar a torta de banana que a sua sogra fez, afinal de contas, você faz o mesmo tipo de torta há anos. E, será que a elogiando, você estaria se colocando numa posição de inferioridade, justamente em relação a sua sogra?
Mas, e se sua sogra realmente tiver feito uma torta mais saborosa que a sua?
- Pior ainda!
- Ela não pode ser melhor do que eu!
É fácil elogiar as aulas de um professor de história, é claro, se você é um professor de qualquer disciplina, exceto história.
Vamos entendendo assim o quanto somos competitivos e “generalistas”, quero dizer, um ato de uma pessoa acaba por representar a pessoa como um todo. Se ela pintou as unhas tão bem, e, ainda, melhor do que eu, ela realmente deve ser melhor do que eu.
Por isso, devo procurar coisas que faço melhor que ela, tipo, corto melhor meus cabelos e me produzo melhor, portanto, 2 x 1 pra mim. Sou melhor!
Outro fato que nos trava na hora de elogiarmos, advém da velha lógica “ninguém me elogia, então, não elogio ninguém”.
De fato, as pessoas que foram pouco elogiadas, podem apresentar uma tendência menor de elogiarem outras pessoas, pois, por terem sido pouco reconhecidas, não aprenderam como usar o elogio, bem como sua importância nas relações; de maneira semelhante, pessoas que receberam poucas demonstrações de afeto, pouco aprenderam sobre a expressão do afeto, e, quase sempre apresentam déficit na demonstração do mesmo em suas relações interpessoais.
Veja, porém, que nesses exemplos citados, a pessoa tão somente reproduz um modelo aprendido, sem muitas vezes se dar conta de sua forma de agir, no caso, de pouco elogiar ou mesmo, não fazê-lo.
No entanto, diferentemente, a velha lógica “ninguém me elogia, então, não elogio ninguém”, parece indicar uma atitude consciente de “pagar na mesma moeda”.
Isso faz lembrar aqueles discursos retrógrados de pais que afirmavam: - Eu nunca tive isso na minha infância. – Eu penei na vida. – Meus pais não me ajudaram e passei muitas dificuldades, então, meus filhos podem passar por essas coisas como eu. – Não farei nada além daquilo que fizeram por mim e pronto.
É uma pena o fato de você talvez não ter recebido elogios suficientes de seus pais, do seu marido, dos colegas de trabalho, dos professores, porém, se você entende a importância e os benefícios do mesmo para as relações, para o desenvolvimento dos seus filhos, para o bem estar de sua esposa, creio que você tem a possibilidade de quebrar o ciclo e ousar elogiar, mesmo não tendo usufruído do próprio até o momento.
Mas, devemos elogiar todo mundo? Toda hora? Elogiar as pessoas por tudo que elas fazem? Como elogiar? Elogiar quando tudo sair apenas perfeito ou há meios-elogios?
Bem, falaremos sobre essas e outras questões no próximo post.
Até lá.

Abraços!

terça-feira, 13 de março de 2012

Humano ou desumano?

É bem provável que você, diante de tantos episódios horrendos e lamentavelmente memoráveis, amplamente divulgados pela mídia, do tipo: moradores de rua que são queimados vivos, casal que atira a filha pela janela, filha que planeja o assassinato dos próprios pais, entre outros, deve ter verbalizado a seguinte expressão de indignação: Que desumano!
Eu, porém, olho para essas barbáries e digo: Que humano!
Humano ou desumano?
Você já soube de cachorros que se uniram a fim de queimarem outros cachorros vivos?
Leu em algum noticiário a respeito de uma gatinha, que, reuniu amigos para assassinarem os pais, enquanto os mesmos dormiam?
Ou talvez, tenha ouvido dizer que um casal de macacos arremessou ao chão a filha indefesa?
Parricídios, fratricídios, infanticídios, homicídios, estupros, sequestros, torturas.
Humano ou desumano?
Acredite ou não, não há nada mais próprio do humano, do que aquilo que você considera desumano.
Os dicionários descrevem como qualidades desumanas, o cruel, o bárbaro, o atroz, como se tais atributos fossem coisas de animais.
Aliás, somos especialistas em nos insultarmos com termos que demonstram a inferioridade dos animais, se comparados a nós: Seu animal! Seu burro! Sua anta! Sua vaca! Sua cadela! Seu cachorro! (gato e gata são raras exceções).
Desmatamento, poluição, caça e pesca predatórias, super aquecimento, desequilíbrio ambiental, guerras.
Humano ou desumano?
Que animais! Que burros! Que antas!
Não podemos esquecer que nosso cérebro é o mais complexo, que fomos criados a imagem e semelhança de Deus, que possuímos o tal do livre arbítrio.
Ah! Também fomos à lua, nomeamos os próprios animais, inventamos os transplantes de órgãos, construímos os computadores, os aviões, os mísseis, as armas de fogo, as bombas nucleares, as minas terrestres, as armas químicas e biológicas.
Por tudo isso, fomos e continuamos a ser os únicos seres capazes de atirarem no próprio pé. Salvamos vidas e a matamos ao mesmo tempo. Construímos prisões para nós mesmos. Criamos drogas para morrermos por causa delas.
Que bestas! Que porcos! Que veados!
Esses últimos, o que fazem?
Defendem seus territórios. Matam para se alimentarem e sobreviverem. Lutam para perpetuarem sua espécie.
De fato, são apenas animais, porque não pensam!
Não pensam em assassinarem sua própria espécie? Não pensam em estuprarem seus filhos?
E o humano, o que pensa quando atira na cabeça do colega de trânsito? Ou, será que também não pensa, como os animais?
Nem toda a tecnologia, nem toda a literatura do mundo, nem todo o brilhantismo e superioridade cognitiva, nos tornaram, ao longo dos séculos, uma espécie tão melhor assim.
Animais!
Os bárbaros continuam a existir, talvez, agora denominados de sociopatas, perversos; engravatados, descamisados, atrás de um carrinho de cachorro quente, a frente de um palanque, analfabetos, mestres e eruditos, a pé ou em limusines, nos barracos ou nas coberturas, ninguém sabe ao certo.
Sabe-se que o ser humano, apenas ele é capaz de semear sua humanidade, quer para o bem, quer para o mal.
Que desumano!
É o que parece, quando encontramos escassamente gestos de solidariedade, gentileza, compreensão, respeito, empatia e alteridade.
Humano ou desumano?

Abraços.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Olhando na direção contrária.

A maioria das pessoas que conheço não se sentem nada confortáveis diante da possibilidade de se sentarem de costas para o motorista do ônibus. Pois é, aqui em Curitiba é bem comum os ônibus apresentarem alguns acentos, digamos, ao contrário da direção do veículo.
Muitas pessoas chegam a passar mal nessa posição, e, há até mesmo algumas explicações biológicas para tal fato, mas, deixemos pra lá.
Sinceramente, não tenho problemas com isso, e, quando encontro um assento “contrário”, obviamente livre, o que é bastante raro (risos), não penso duas vezes e aproveito para dar uma relaxada.
Enquanto as demais pessoas estão olhando para frente, naturalmente esperando alcançarem uma quadra nova à frente, o seu ponto de decida, ruas e caminhos que anseiam, na contramão, vou observando pela janela, paisagens já ultrapassadas apenas. Dessa forma, vejo então o passado e não o futuro como vêem os demais passageiros direcionados para frente do veículo.
Realmente, somos impulsionados a olharmos para frente, na direção do futuro, aonde chegaremos, os lugares que alcançaremos, as paisagens que ainda veremos, os lugares lá na frente, os quais ansiamos finalmente chegar.
Esse é o movimento natural da vida, do dia-a-dia agitado, das pessoas que querem urgentemente chegar ao seu “destino”. Quando a porta do ônibus vazio é aberta, muitas delas procuram sentar nos lugares mais à frente possíveis, talvez, com a esperança de chegarem mais rapidamente; o fundo do ônibus talvez represente mais demora na hora de chegar a algum lugar que se espera.
Ora, sentar de costas para o motorista, na direção contrária ao movimento do ônibus, de fato, nos faz olhar para o que passou...
Todos os dias você procura andar para frente, afinal, não é caranguejo; você está sempre olhando, imaginando, almejando conquistar algo lá na frente, alcançar uma posição melhor no seu trabalho, vislumbrar uma casa própria, um carro melhor, uma graduação, uma especialização à qual você tem sonhado. Esse afã de chegar lá na frente é o que nos move, conquistar, conseguir, alcançar, passar, ultrapassar, a vida caminha assim, pra frente, e, quase não temos tempo de observar e curtir o presente, afinal, o ônibus corre cada vez mais veloz.
Penso que, não há problema algum em nos sentarmos de costas para o motorista de vez em quando, ou seja, ao invés de olharmos pra onde queremos e esperamos chegar, observarmos da janela as ruas, as quadras, os caminhos e lugares pelos quais já passamos.
Não quero ser totalmente nostálgico, mas, na busca por chegar lá na frente, não podemos nos esquecer do que passamos pra chegarmos até aqui, nesse ponto.
Precisamos valorizar os caminhos por onde passamos, é verdade que, muitos deles foram tortuosos, sofridos, e lutamos para esquecê-los. Por isso mesmo, é bastante comum que ao olharmos para o passado, este nos cause tamanho mal estar, como andar nos assentos contrários dos ônibus. Talvez você tenha a tendência de olhar para o que passou lamentando o que não conseguiu realizar, ou os erros que cometeu com seus filhos, com sua esposa, porém, não dá pra negar que você também acertou, que você obteve algumas realizações importantes, que trafegou por ruas escuras e perigosas, mas, conseguiu avançar.
Quando encostamos nossa cabeça na janela do ônibus, e, vamos contemplando o passado passar por nós, podemos aprender que alcançamos várias vitórias, fizemos pessoas felizes, choramos, mas também rimos bastante, que caímos, mas também levantamos, enfim, que a despeito de tantas coisas ruins, vivemos bons momentos, vencemos, e, o que é fantástico, ainda podemos vencer, podemos chegar lá onde esperamos, ao menos, podemos tentar.
Portanto, vamos lá, o ônibus segue, olhe pra frente, sente-se na direção em vista donde quer chegar, também, sente-se na direção contrária quando quiser, deixe o futuro chegar ao seu tempo, e, revise o passado, atente para seu progresso; é verdade que o que passou, passou e não volta mais, no entanto, ele pode nos consolar no presente, nos trazer esperança para o futuro, nos trazer lições importantíssimas para nosso seguir em frente.

Abraços!