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Além de divulgar meu trabalho como psicólogo, quero compartilhar com você neste espaço, diversos materiais relacionados à psicologia, como: artigos, opiniões, fóruns, links, livros, filmes, entre outros.
Espero que este blog seja relevante para seus interesses.
Aguardo seu contato.

Luis C. Pontes
CRP 08/17138

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Matéria sobre Drogas exibida na RICTV RECORD

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Elogiar sim, por que não? Parte 2


É importante que nossos elogios sigam um princípio básico – honestidade. Precisamos ser honestos, verdadeiros no ato de elogiar.
Precisamos cuidar com nossas próprias expectativas antes de tentarmos elogiar. Se você acredita que 10 é a única nota aceitável, possivelmente frustrará seu filho, quando o mesmo lhe apresentar uma prova em que tirou 9.
Frases prontas como: - Está bom, mas você pode melhorar, costumam ser irritantes, e, quase sempre passam a mensagem de que “nunca está bom”.
Por isso mesmo, não se trata de desestimular o pequeno a tirar nota 10, no entanto, talvez o 9, o 7, naquele momento, seja a nota máxima, e, mereça o mesmo reconhecimento que um 10. Desta forma, pode se elogiar pelo processo, e não apenas pelo resultado final, que, aliás, algumas vezes não retrata fielmente o esforço empreendido.
Ainda, no que se refere às nossas expectativas, e, mesmo, ao perfeccionismo, que pode se tornar extremamente chato, costumeiramente não reconhecemos o esforço e o progresso das pessoas, por exemplo, digamos que você gostaria que seu marido pendurasse as roupas no varal, o que acaba acontecendo, porém, você percebe que as roupas não estão estendidas como você costuma fazer, o que você falaria ao seu marido?
Diria algo como: - Você nunca pendurou as roupas e quando resolve pendurar faz tudo errado. Se for para fazer desse jeito, deixa que eu mesma faço.
Ou diria: - Que bom que pendurou as roupas, obrigada.
Se você tivesse escolhido falar como da primeira opção, é provável que seu marido nunca mais tentasse pendurar as roupas ou te ajudar em algum outro trabalho doméstico. Porém, através da segunda fala, antes de mais nada você estaria elogiando o trabalho que ele fez. É verdade que, provavelmente ele não teria feito um trabalho tão bem quanto o seu, ou mesmo, não igual ao seu jeito de pendurar as roupas.
Isso não se trata de meios-elogios ou elogios mentirosos, e, sim, de sua capacidade em reconhecer o trabalho do outro, ainda que não tenha ficado tão bom ou alcançado suas expectativas.
Portanto, procure sempre ser honesto em seus elogios; é claro que, nem tudo deve ser elogiado, ao contrário, deve ser criticado e reprovado. Se aprovar é importante, reprovar também.
Tome cuidado para que suas próprias expectativas, o perfeccionismo e o modo particular de fazer as coisas, não venham atrapalhá-lo de reconhecer o esforço do outro. Lembre-se de olhar para o processo e não apenas para o resultado final.
Por fim, exercite o elogio, pois, é desta forma que vamos desenvolvendo relacionamentos mais assertivos e saudáveis.

Abraços!

terça-feira, 27 de março de 2012

Elogiar sim, por que não? Parte 1

Possivelmente você já deva ter escutado, ou mesmo, até compartilhe do seguinte dizer: “Elogiar estraga”.
Felizmente, isso não é verdade. Muito pelo contrário, é fácil encontrar diversos bons motivos para elogiar.
Porém, justamente no simples ato de elogiar, está o problema, não para quem é elogiado, mas, para quem expressa o elogio.
Ao elogiarmos, teoricamente estamos exprimindo nossa admiração e aprovação a alguém. E, tal fato, nem sempre é agradável para nós, ou seja, a atitude de reconhecermos que uma ação, um feito de determinada pessoa foi correto, bem executado, enfim, pode nos gerar certo desconforto. Pior ainda, quando o elogio recai sobre algo realizado, do qual também costumamos fazer. Por exemplo, pode ser complicado você elogiar a torta de banana que a sua sogra fez, afinal de contas, você faz o mesmo tipo de torta há anos. E, será que a elogiando, você estaria se colocando numa posição de inferioridade, justamente em relação a sua sogra?
Mas, e se sua sogra realmente tiver feito uma torta mais saborosa que a sua?
- Pior ainda!
- Ela não pode ser melhor do que eu!
É fácil elogiar as aulas de um professor de história, é claro, se você é um professor de qualquer disciplina, exceto história.
Vamos entendendo assim o quanto somos competitivos e “generalistas”, quero dizer, um ato de uma pessoa acaba por representar a pessoa como um todo. Se ela pintou as unhas tão bem, e, ainda, melhor do que eu, ela realmente deve ser melhor do que eu.
Por isso, devo procurar coisas que faço melhor que ela, tipo, corto melhor meus cabelos e me produzo melhor, portanto, 2 x 1 pra mim. Sou melhor!
Outro fato que nos trava na hora de elogiarmos, advém da velha lógica “ninguém me elogia, então, não elogio ninguém”.
De fato, as pessoas que foram pouco elogiadas, podem apresentar uma tendência menor de elogiarem outras pessoas, pois, por terem sido pouco reconhecidas, não aprenderam como usar o elogio, bem como sua importância nas relações; de maneira semelhante, pessoas que receberam poucas demonstrações de afeto, pouco aprenderam sobre a expressão do afeto, e, quase sempre apresentam déficit na demonstração do mesmo em suas relações interpessoais.
Veja, porém, que nesses exemplos citados, a pessoa tão somente reproduz um modelo aprendido, sem muitas vezes se dar conta de sua forma de agir, no caso, de pouco elogiar ou mesmo, não fazê-lo.
No entanto, diferentemente, a velha lógica “ninguém me elogia, então, não elogio ninguém”, parece indicar uma atitude consciente de “pagar na mesma moeda”.
Isso faz lembrar aqueles discursos retrógrados de pais que afirmavam: - Eu nunca tive isso na minha infância. – Eu penei na vida. – Meus pais não me ajudaram e passei muitas dificuldades, então, meus filhos podem passar por essas coisas como eu. – Não farei nada além daquilo que fizeram por mim e pronto.
É uma pena o fato de você talvez não ter recebido elogios suficientes de seus pais, do seu marido, dos colegas de trabalho, dos professores, porém, se você entende a importância e os benefícios do mesmo para as relações, para o desenvolvimento dos seus filhos, para o bem estar de sua esposa, creio que você tem a possibilidade de quebrar o ciclo e ousar elogiar, mesmo não tendo usufruído do próprio até o momento.
Mas, devemos elogiar todo mundo? Toda hora? Elogiar as pessoas por tudo que elas fazem? Como elogiar? Elogiar quando tudo sair apenas perfeito ou há meios-elogios?
Bem, falaremos sobre essas e outras questões no próximo post.
Até lá.

Abraços!

terça-feira, 13 de março de 2012

Humano ou desumano?

É bem provável que você, diante de tantos episódios horrendos e lamentavelmente memoráveis, amplamente divulgados pela mídia, do tipo: moradores de rua que são queimados vivos, casal que atira a filha pela janela, filha que planeja o assassinato dos próprios pais, entre outros, deve ter verbalizado a seguinte expressão de indignação: Que desumano!
Eu, porém, olho para essas barbáries e digo: Que humano!
Humano ou desumano?
Você já soube de cachorros que se uniram a fim de queimarem outros cachorros vivos?
Leu em algum noticiário a respeito de uma gatinha, que, reuniu amigos para assassinarem os pais, enquanto os mesmos dormiam?
Ou talvez, tenha ouvido dizer que um casal de macacos arremessou ao chão a filha indefesa?
Parricídios, fratricídios, infanticídios, homicídios, estupros, sequestros, torturas.
Humano ou desumano?
Acredite ou não, não há nada mais próprio do humano, do que aquilo que você considera desumano.
Os dicionários descrevem como qualidades desumanas, o cruel, o bárbaro, o atroz, como se tais atributos fossem coisas de animais.
Aliás, somos especialistas em nos insultarmos com termos que demonstram a inferioridade dos animais, se comparados a nós: Seu animal! Seu burro! Sua anta! Sua vaca! Sua cadela! Seu cachorro! (gato e gata são raras exceções).
Desmatamento, poluição, caça e pesca predatórias, super aquecimento, desequilíbrio ambiental, guerras.
Humano ou desumano?
Que animais! Que burros! Que antas!
Não podemos esquecer que nosso cérebro é o mais complexo, que fomos criados a imagem e semelhança de Deus, que possuímos o tal do livre arbítrio.
Ah! Também fomos à lua, nomeamos os próprios animais, inventamos os transplantes de órgãos, construímos os computadores, os aviões, os mísseis, as armas de fogo, as bombas nucleares, as minas terrestres, as armas químicas e biológicas.
Por tudo isso, fomos e continuamos a ser os únicos seres capazes de atirarem no próprio pé. Salvamos vidas e a matamos ao mesmo tempo. Construímos prisões para nós mesmos. Criamos drogas para morrermos por causa delas.
Que bestas! Que porcos! Que veados!
Esses últimos, o que fazem?
Defendem seus territórios. Matam para se alimentarem e sobreviverem. Lutam para perpetuarem sua espécie.
De fato, são apenas animais, porque não pensam!
Não pensam em assassinarem sua própria espécie? Não pensam em estuprarem seus filhos?
E o humano, o que pensa quando atira na cabeça do colega de trânsito? Ou, será que também não pensa, como os animais?
Nem toda a tecnologia, nem toda a literatura do mundo, nem todo o brilhantismo e superioridade cognitiva, nos tornaram, ao longo dos séculos, uma espécie tão melhor assim.
Animais!
Os bárbaros continuam a existir, talvez, agora denominados de sociopatas, perversos; engravatados, descamisados, atrás de um carrinho de cachorro quente, a frente de um palanque, analfabetos, mestres e eruditos, a pé ou em limusines, nos barracos ou nas coberturas, ninguém sabe ao certo.
Sabe-se que o ser humano, apenas ele é capaz de semear sua humanidade, quer para o bem, quer para o mal.
Que desumano!
É o que parece, quando encontramos escassamente gestos de solidariedade, gentileza, compreensão, respeito, empatia e alteridade.
Humano ou desumano?

Abraços.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Olhando na direção contrária.

A maioria das pessoas que conheço não se sentem nada confortáveis diante da possibilidade de se sentarem de costas para o motorista do ônibus. Pois é, aqui em Curitiba é bem comum os ônibus apresentarem alguns acentos, digamos, ao contrário da direção do veículo.
Muitas pessoas chegam a passar mal nessa posição, e, há até mesmo algumas explicações biológicas para tal fato, mas, deixemos pra lá.
Sinceramente, não tenho problemas com isso, e, quando encontro um assento “contrário”, obviamente livre, o que é bastante raro (risos), não penso duas vezes e aproveito para dar uma relaxada.
Enquanto as demais pessoas estão olhando para frente, naturalmente esperando alcançarem uma quadra nova à frente, o seu ponto de decida, ruas e caminhos que anseiam, na contramão, vou observando pela janela, paisagens já ultrapassadas apenas. Dessa forma, vejo então o passado e não o futuro como vêem os demais passageiros direcionados para frente do veículo.
Realmente, somos impulsionados a olharmos para frente, na direção do futuro, aonde chegaremos, os lugares que alcançaremos, as paisagens que ainda veremos, os lugares lá na frente, os quais ansiamos finalmente chegar.
Esse é o movimento natural da vida, do dia-a-dia agitado, das pessoas que querem urgentemente chegar ao seu “destino”. Quando a porta do ônibus vazio é aberta, muitas delas procuram sentar nos lugares mais à frente possíveis, talvez, com a esperança de chegarem mais rapidamente; o fundo do ônibus talvez represente mais demora na hora de chegar a algum lugar que se espera.
Ora, sentar de costas para o motorista, na direção contrária ao movimento do ônibus, de fato, nos faz olhar para o que passou...
Todos os dias você procura andar para frente, afinal, não é caranguejo; você está sempre olhando, imaginando, almejando conquistar algo lá na frente, alcançar uma posição melhor no seu trabalho, vislumbrar uma casa própria, um carro melhor, uma graduação, uma especialização à qual você tem sonhado. Esse afã de chegar lá na frente é o que nos move, conquistar, conseguir, alcançar, passar, ultrapassar, a vida caminha assim, pra frente, e, quase não temos tempo de observar e curtir o presente, afinal, o ônibus corre cada vez mais veloz.
Penso que, não há problema algum em nos sentarmos de costas para o motorista de vez em quando, ou seja, ao invés de olharmos pra onde queremos e esperamos chegar, observarmos da janela as ruas, as quadras, os caminhos e lugares pelos quais já passamos.
Não quero ser totalmente nostálgico, mas, na busca por chegar lá na frente, não podemos nos esquecer do que passamos pra chegarmos até aqui, nesse ponto.
Precisamos valorizar os caminhos por onde passamos, é verdade que, muitos deles foram tortuosos, sofridos, e lutamos para esquecê-los. Por isso mesmo, é bastante comum que ao olharmos para o passado, este nos cause tamanho mal estar, como andar nos assentos contrários dos ônibus. Talvez você tenha a tendência de olhar para o que passou lamentando o que não conseguiu realizar, ou os erros que cometeu com seus filhos, com sua esposa, porém, não dá pra negar que você também acertou, que você obteve algumas realizações importantes, que trafegou por ruas escuras e perigosas, mas, conseguiu avançar.
Quando encostamos nossa cabeça na janela do ônibus, e, vamos contemplando o passado passar por nós, podemos aprender que alcançamos várias vitórias, fizemos pessoas felizes, choramos, mas também rimos bastante, que caímos, mas também levantamos, enfim, que a despeito de tantas coisas ruins, vivemos bons momentos, vencemos, e, o que é fantástico, ainda podemos vencer, podemos chegar lá onde esperamos, ao menos, podemos tentar.
Portanto, vamos lá, o ônibus segue, olhe pra frente, sente-se na direção em vista donde quer chegar, também, sente-se na direção contrária quando quiser, deixe o futuro chegar ao seu tempo, e, revise o passado, atente para seu progresso; é verdade que o que passou, passou e não volta mais, no entanto, ele pode nos consolar no presente, nos trazer esperança para o futuro, nos trazer lições importantíssimas para nosso seguir em frente.

Abraços!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Por uma vida menos ansiosa.

É com a terapia que vamos aprender a organizarmos nossa "cabeça", de forma geral: modificando e reduzindo nossos pensamentos ansiosos, testando a validade de nossas preocupações e temores, aprendendo a filtrar informações relevantes, mudando nossa forma negativa de encarar os acontecimentos, para uma forma mais realista e adaptável, enfim, vivendo mais intensamente o presente e encarando o futuro com menos ansiedade.

Bom, se você estava muito ansioso para ler o final desta postagem, espero que sua ansiedade tenha diminuído, pois, fiz questão de lhe adiantar o final, como você deve ter lido acima.

No Brasil, estima-se que 25% da população sofra de algum tipo de distúrbio ansioso ao longo da vida:  a síndrome do pânico, o estresse pós-traumático, as fobias, o transtorno obsessivo-compulsivo e o transtorno de ansiedade generalizada, são alguns dos diagnósticos mais comuns, relacionados aos transtornos ansiosos.
A ansiedade é aquela sensação que se antecipa a algo fora do presente, quero dizer, ainda não chegamos lá realmente, mas, nossos pensamentos e sentimentos já.
A entrevista de emprego será realizada amanhã, no entanto, sua “mente” é capaz de lhe fazer sentir como se você já estivesse na própria entrevista.
Além do problema em estar com a “cabeça” cheia de situações, acontecimentos, que ainda nem chegaram, a grande questão é como você encara, “vivencia” essas situações “futurísticas”?
Que pensamentos, sentimentos e comportamentos você tem por antecipação?
É verdade que a ansiedade desempenha um papel positivo em nos deixar alertas e prontos para agir se for necessário.
Sabe-se que nossa preocupação tem forte relação com nosso estado ansioso. Será que no próximo mês conseguirei alcançar a meta de vendas? Será mesmo que conseguirei?
Tal preocupação pode me fazer vender mais e melhor para conseguir atingir a meta, mas, mesmo com um mês todo pela frente, posso me pré-ocupar a tal ponto de ficar fadigado sem ter de fato tentado vender.
Há como não ficar ansioso no mundo de hoje com tantas ocupações?
Estudar, trabalhar, namorar, noivar, casar (não necessariamente nesta ordem).
E o que a sociedade exige de nós?
Graduação?
É pouco.
Especialização, MBA, mestrado, doutorado, pós-doutorado...
“Faça uma pós-graduação e garanta seu futuro”.
Será mesmo?
Inglês, espanhol, informática, boa aparência, experiência, proatividade, participação nas redes sociais, página pessoal, e essa lista vai longe...
Realmente vivemos em um mundo extremamente ansiógeno, mas, podemos afirmar que em cada época da humanidade, preocupações e razões para ansiedade estiveram presentes.
Quão ansioso um judeu viveu com o nazismo batendo a sua porta?
E durante o período da ditadura militar no Brasil?
Certa vez alguém escreveu: “... basta a cada dia as suas preocupações...”.
É interessante que a nossa ocupação prévia sobre algo, quase sempre é incapaz de alterar ou influenciar os acontecimentos lá da frente.
Agora, sem dúvida, demasiadamente ansiosos, tal estado interfere no que estamos fazendo no agora, na nossa forma de viver o presente em todos os sentidos, na qualidade do nosso trabalho, na nossa relação com as pessoas, isto mesmo, e, sobretudo, no nosso cuidado conosco, com nossa saúde.
O que lhe causa mais ansiedade?
As contas no fim do mês? As metas a serem alcançadas no seu trabalho? O desempenho escolar dos seus filhos? As viagens do seu marido? A possibilidade de adoecer? A necessidade de tomar decisões?
Segundo Christian Perring, professor de filosofia da Universidade Dowling em Nova York, “Enquanto que na Antiguidade, a ansiedade surgia de fatores externos, como doenças e catástrofes naturais, a dos nossos tempos é imposta por nós mesmos.
Como assim?
Os fatores que mais causam preocupação atualmente são coisas muito menos tangíveis, como satisfação no emprego, realização amorosa, visual perfeito. Como nossos antepassados ainda estavam ocupados em sobreviver, dificilmente tinham as crises e neuroses que temos agora. De fato, boa parte das nossas apreensões vem das milhares de possibilidades de escolha que temos hoje em dia.
Que carreira escolher?
Se no século 18, havia apenas 20 empregos diferentes nos quais uma pessoa podia fazer carreira, hoje esse número já passa dos 20 mil – e continua aumentando.
O tempo que cada trabalhador passa num emprego também não pára de diminuir. O Ministério do Trabalho dos EUA calcula que um empregado vá passar por 10 a 14 cargos diferentes antes dos 40 anos. O número de divórcios aumentou 13 vezes em 3 décadas. Esses dados são impressionantes, se lembramos que antigamente casamento e emprego duravam muito mais, se não a vida inteira.
Essa idéia de liberdade é atual e causa muita ansiedade”, diz Renata Salecl, da London School of Economics.
Assustado com essas informações?
Informação...
Uma geradora de ansiedade.
Quantos assuntos você lê nos sites de notícias? Quantos emails você recebe diariamente sobre notícias de novos alimentos que causam câncer, de novos vírus mutantes que atacam o seu computador, de novos golpes na praça, de novas dietas milagrosas, de novos produtos "imprescindíveis" que você não sabe como usar, mas que precisa comprar?
Já foram cunhados até alguns termos para definir a ansiedade trazida pelos novos meios de comunicação: technologyrelated anxiety (ansiedade que surge quando o computador trava, que afeta 50% dos trabalhadores americanos), ringxiety (impressão de que o seu celular está tocando o tempo todo) e a ansiedade de estar desconectado da internet e não saber o que acontece no mundo, que já contaminou 68% dos americanos.
Para termos uma idéia, uma edição de domingo do jornal The New York Times tem cerca de 12 milhões de palavras e contém mais informação do que aquela que um cidadão do século 17 recebia ao longo de toda a vida.
Em 1801, a notícia de que Portugal e Espanha estavam em guerra demorou 3 meses para chegar ao Rio Grande do Sul. Quando chegou, o capitão de armas do estado declarou guerra aos vizinhos espanhóis, sem saber que a batalha na Europa já tinha terminado.
E hoje?
Em quanto tempo a informação de um tsunami ou de um acidente automobilístico no Japão, leva para chegar até você?
Será que é saudável estar sempre plugado, ligado a todos os canais de informação?
Possibilidades de escolha... Informações que se propagam em crescente quantidade e rapidez...
O que fazer para diminuir nossa ansiedade?
Medicamentos?
Já temos sido considerados o pais do Rivotril. Será que é a solução?
Os químicos podem até ajudar o cérebro a não se preocupar demais, mas não adiantam nada se a pessoa continuar pensando catastroficamente, por exemplo. Sabemos que boa parte da nossa ansiedade vem dos nossos pensamentos. Por isso, os medicamentos têm validade, conquanto que caminhem juntamente com a psicoterapia.
(Reler o 1º parágrafo)


Abraços!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CURTIR

- Quantos amigos você tem meu filho?
- Bem, depende pai.
- Como assim depende?
- Se liga pai! - Você quer saber quantos amigos tenho no Facebook, no Orkut, no Sonico, no Myspace, no Multiply, no Linkedin, no Flickr ou no Twitter?

Isso mostra a realidade das chamadas redes sociais. Aliás, orgulhosamente ou não, nós brasileiros, já despontamos como os usuários mais participativos desse universo virtual.
Realmente, nunca foi tão fácil ter amigos como hoje, você não acha?
Recentemente reencontrei virtualmente um amigo de infância, ao qual não tinha notícias há mais de 15 anos.
Praticamente encontramos “todo mundo” em alguma das redes sociais, e, é até estranho quando procuramos alguém do trabalho, da faculdade, algum parente, enfim, e não o encontramos.
Muita gente chega a entrar numa disputa acerca de quem tem mais amigos na rede.
O caminho para a popularidade, para o “estrelato” ficou mais acessível, afinal, todos podem ter seguidores, comunidades próprias, fotos e vídeos divulgados, que podem atrair a atenção de milhares de pessoas no mundo todo.
Por uma ótica mais ingênua, parece estar cada vez mais difícil ficar sozinho ou se sentir só, pois, bastam poucos cliques e, suas centenas de amigos surgem estampados na sua cara. Basta chamá-los, mandar-lhes mensagens, curtir, cutucar, etc.
Assim sendo, com a explosão das redes sociais, poderíamos afirmar que possuímos mais amigos, e, por conseqüência, nos sentimos menos só?
Infelizmente não.
Costumamos ser bons inventores, criadores de novas tecnologias, que são perfeitamente saudáveis e proveitosas, como é o caso das redes sociais.
No entanto, nosso grande problema, está na falta de habilidade em como utilizarmos beneficamente o que criamos, ou seja, costumamos desvirtuar a utilidade inicial, ou mesmo, a usamos extremadamente, e, com isso, damos um tiro em nosso próprio pé.
Parecendo ser antiquado ou retrógrado, pouco importa, afirmo veementemente que as relações pessoais, sempre necessitarão do caráter presencial.
Com isso, de maneira nenhuma desqualifico as relações no ambiente virtual. Elas são importantes, são até mesmo necessárias e complementares, entretanto, um relacionamento interpessoal carece do toque, não do “touch screen”, mas do contato físico, não somente dos olhos na tela, mas, sobretudo, dos olhos nos olhos.
Apesar disso, o que vemos são pessoas que encontraram uma zona de conforto atrás da tela dos seus PC´s, notebooks, netbooks, ipad`s, smarthphones, entre outros dispositivos de acesso a rede. E, vivendo “escondidos” nesse ambiente virtual, é claro, tendem a se relacionarem principalmente no nível virtual, que, cá entre nós, é quase sempre ambíguo, enigmático, e, diria também, bastante limitado.
Penso que, além da qualidade dos relacionamentos possa estar sendo afetada, pelo nosso uso desmedido das redes sociais, sinto que, na mesma medida, nos retraímos, nos fechamos em nosso submundo.
Ao invés de sairmos com um amigo para comermos uma pizza, para falarmos da vida, do trabalho, dos nossos sentimentos, twittamos que pedimos uma pizza, escrevemos no Facebook que a pizza está deliciosa, e, nosso amigo, que, raramente vemos fora da faculdade, do trabalho, enfim, ele só pode clicar em curtir e só.
Na real, quantos amigos você tem?
E, mais importante do que isso. Como você se relaciona com eles?
Não é de se estranhar, portanto, que, embora as pessoas tenham as mais variadas opções para terem contato umas com as outras, tais contatos, estão se tornando extremamente superficiais, rápidos e ocasionais.
Eu faço uso das redes sociais sim, e, sou tentado muitas vezes a usá-la bem mais do que o necessário.
Sou desafiado constantemente a ler um livro ao invés de estar plugado, assistir um filme de cowboys com meu pai, conversar sobre os peixes da minha mãe, colorir desenhos com minhas sobrinhas, jogar conversa fora com velhos amigos e permanecer off.
Definitivamente, pra mim, isso sim é curtir!
Abraços!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Alguém pra se contar...

Conte comigo! Conte comigo no que precisar! Conte comigo pro que der e vier!
Frases soltas, clichês, frases de efeito, de defeito, de amigos do peito?
O treinador percebe que um jogador se machucou, olha então para o banco de reservas e pensa: - Com quem desses posso contar?
Contar não apenas matematicamente, não falamos de amontoar peças que nem sabemos se funcionam. Contar por contar é fácil, minha sobrinha de 2 aninhos já sabe que tem 1, 2, 3, 4, 5 dedinhos em cada mãozinha.
Vc já contou nos dedos quantos amigos vc tem?
Vc já contou com todos os amigos que já contou?
E quem pode contar com vc?
Certo, contando com ele agora temos exatamente x, y ou z.
Aqui, a matemática é bem diferente e esquisita, pois, dos que auto se contam, subtraímos os que contamos, então, restam alguns poucos que podemos contar para dividir nossa conta. Entendeu essa conta? Entendemos quando pensamos somente na nossa conta, a conta do outro é do outro, não é da minha conta, porque, se é da minha conta, então tenho q pagar algo, e, isso não!
Contar com alguém é vê-lo presente, muitas vezes na hora de dividir a sua conta.
- Vamos rachar a pizza, vamos ver quanto deu? – Amigo, conta comigo aí na divisão.
- Mas vc nem comeu nada. - Não importa, conta comigo nessa conta amigão!
Alguém com quem vc pode contar...
Mas, vc nem tem o visto no jogo, nem no campo... mas, lá está ele, tá lá no banco, discreto, eles está por perto, sujeito para se contar, é certo...
A Bíblia já conta que, “na angústia nasce um irmão”, porque, na nossa angústia, dificilmente podemos contar com alguém. E, contar só por contar de nada conta, conta o que está presente, não o ausente, conta o que se faz presente na atitude na ação, isso é o que contamos.
Estou farto de gente que se acha que se pode contar, mas, que no final contamos como zeros à esquerda, e, na nossa conta, assim como na matemática do universo, zero à esquerda não se conta. De gente assim, eu já perdi a conta...
Mas, espera lá, hoje foi um dia pra se contar, porque pude contar com alguns preciosos e contáveis sujeitos diante de outros tantos incontáveis e que não podem ser contados.
É incrível, mas, as pessoas com quem pude contar, não precisaram de antemão me dizer conta comigo, os vi no banco, em meio aos incontáveis outros... Os outros? Os outros eu contei sim, como minha sobrinha... Lá, 1,2,3,4....12, 15...Foi pura e simples matemática, o resultado de sempre, nada mudou. Mas, com aqueles poucos com que pude contar, estão em alta conta comigo, mais do que 1,2, 3, 4, 5, esses contei como 100, 300, 100, 1200 e 100.
Seriam 1800?
Digo que foi tudo isso e bem mais do que isso...
Sinceramente, por tudo isso, nem eu mesmo contava!
Obrigado por dividirem comigo essa conta!

Do escambo ao escambau


Sempre houve uma “moeda” de troca, há muito tempo atrás se praticava o escambo, eram as trocas de mercadoria, hoje temos o dinheiro (eu não tenho!), as folhas de cheque, os cartões de crédito e o escambau. É muito difícil imaginar a vida sem dinheiro, não é mesmo? Não estou falando sobre ter muito ou pouco dinheiro não! As desigualdades de bens sempre existiram de alguma forma. Uns tinham mais bois, outros tinham mais terra, mais plantação e assim era e continua sendo a vida. Socialismo, capitalismo, monarquismo, comunismo, nada muda, há sempre alguns praticando a “lei de Gérson”.
As desigualdades não chegam a me incomodar tanto, o que me incomoda é a falta de oportunidades pra todos. Tirando a “maldita” sorte, a oportunidade de fazer uma faculdade visando ter um bom emprego, fazer o que se gosta, contribuir para a sociedade, dar melhores condições para sua família, é uma equação bastante complexa, mas, que sempre chega a um mesmo resultado – dinheiro. Uma quantidade de dinheiro num momento oportuno é uma chave micha para as oportunidades. Por isso, volto atrás, oportunidades é o que não faltam em nossa sociedade, sempre há uma oportunidade para tudo que você ainda nem pensou. A vida é um google.com, digite o que quiser e encontrará, mas, você tem ao menos dinheiro pra permanecer conectado? Do contrário, mal verá o resultado da sua busca, do que procura ou realmente precisa.
O que você significa para o mundo se não tiver grana? Alguém insignificante é claro. Sabe o que você faz sem 1 centavo no bolso ou quando tem apenas R$ 2,50 pra voltar pra casa? Isso mesmo, caminha...
Dizem que pra se ter mais dinheiro, bom mesmo é poupar, investir, mas, quem é o Palloci que consegue aumentar o patrimônio 20x em quatro anos como o tal do Palhaço?
O dia dos namorados está aí, e, não tenha a ilusão que é um dia pra ficar apenas coladinho com sua amada não, é dia de sair pra lanchar com ela, pegar um cine, carregar aquele saco cheio de pipoca, dar aquele presentinho baratinho, resumindo, é um dia para gastar com ela e vice-versa. Oras, o comércio tá esperando apaixonadamente vocês, ou o dinheiro de vocês, porque o mundo nos vê como $ ambulantes.
Sem dinheiro não somos nada, ou melhor, somos dívidas, cachorros sem donos em frente ao restaurante.
Nessa onda de marchas, gostaria de organizar uma marcha pelos “sem dinheiro”, mas, quem vai pagar as faixas e cartazes?
Estou exagerando? Tenta fazer algo sem dinheiro então.
É dinheiro pra nascer e pra morrer. Graça? Só mesmo a de Deus, e olha que custou duras 30 moedas de prata.
Como seria o mundo se não precisássemos de dinheiro pra vivermos? Você imaginou isso? Sei que se você não tem dinheiro já imaginou ou começará agora mesmo.
Se o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, ok, não quero mesmo amá-lo, mas, quem me amará sem um tostão? Portanto, posso odiar o dinheiro, mas, enquanto o mundo continuar sendo desse jeito, eu preciso de dinheiro, de algum dinheiro. Sei que ele não traz felicidade e nem manda buscar, mas não posso negar que algumas oportunidades só me são abertas se eu tiver um pouco desse miserável passaporte.
Sei que valho mais do que ele – dinheiro, mas, tenho perdido a queda-de-braço contra ele, afinal, me sinto preso sem ele, já ele, é livre, é capaz de passar por vários lugares simples, mas que sem ele eu não passo a catraca do ônibus, por exemplo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Roupas no varal



Todas as vezes que ela descia as escadas em direção à cozinha para preparar o café da manhã, costumava olhar através da janela em direção ao quintal de sua vizinha. Seu olhar se perturbava ao perceber que sua querida vizinha, costumava pendurar no varal roupas sujas e encardidas.
- O que há com ela? – pensava.
- Não entendo porque nunca lava suas roupas direito, estão sempre tão sujas!

Aquela manhã ensolarada de domingo parecia tão comum quanto tantas outras, no entanto, com os olhos ainda semi-abertos, ao descer o último degrau, aquela mulher olhou com surpresa para a janela da cozinha:
- Não acredito! – gritou ela.
- Até que enfim!
Ao ouvir seu grito, seu marido veio assustado da garagem, e antes mesmo que falasse algo, sua esposa lhe disse:
- Veja meu amor! – apontando o dedo indicador para o varal da vizinha.
- Nossa vizinha criou vergonha na cara e resolveu finalmente lavar direito as roupas hahaha.
- Olhe como estão tão brancas!
Então, carinhosamente seu marido lhe disse:
- Querida, eu apenas lavei os vidros da janela.

Temos uma capacidade feroz de apontar e julgar os defeitos e estranhezas dos outros. Sempre os outros...

- Poxa, como ele reclama sempre das mesmas coisas... Caramba, como ela se veste mal com aquelas calças de “cagado”... Nossa, como ela educa tão mal seus filhos... Eita, como ele mal cumprimenta as pessoas...
É sempre culpa do outro. Tem alguma coisa errado com ele. Afinal, as roupas no varal dela é que estão sujas!

Será mesmo?

A vida insiste em tentar nos mostrar que nem sempre o problema está no outro, mas, em NÓS.

Exatamente e unicamente em nós.

O grande problema é que podemos passar manhã após manhã olhando sempre pela mesma janela com os vidros sujos e emporcalhados.

Enquanto fizermos isso, de fato, vamos atribuir a sujeira que percebemos, como pertencente às roupas do nosso vizinho.

Mas, como está nossa janela?
Os vidros estão realmente limpos?

- Meu casamento tá uma droga por causa do meu marido que não para em casa.
- Vivo estressado porque meus filhos estão sempre aprontando.
- Tenho poucos amigos porque os outros são todos fingidos.
- Detesto meu trabalho porque meu chefe é um saco.

Certo, é bem provável que o vizinho nem sempre pendure roupas tão brancas no seu varal como acharíamos correto. Também, é provável que nem sempre estendamos nossas próprias roupas assim tão branquinhas.

A Bíblia relata que certa vez Jesus foi duro com algumas pessoas ao dizer:

*Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho?
Como é que você pode dizer ao seu irmão: “Me deixe tirar esse cisco do seu olho”, quando você está com uma trave no seu próprio olho?
Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão. *(Mateus 7.3-5)

A psicoterapia tem a intenção de lhe ajudar a entender que o suposto problema ou esquisitice, sei lá, não está no outro, mas, em VOCÊ.

E, ainda, talvez o problema realmente nem exista concretamente, mas, você está trombando com sua forma disfuncional de pensar, sentir e ver as pessoas, o mundo e você mesmo.

Lembre-se que sua janela pode não estar tão limpa assim como você pensa.

“Conhece-te a ti mesmo”. Foi o grande lema usado por Sócrates.

Nada mais nada menos que autoconhecimento.

É isso que a psicoterapia pode proporcionar. E não se trata de um “bicho de sete cabeças”, tão somente é a oportunidade de aprender a enxergar a si mesmo, bem como o outro de maneira mais assertiva.

É aprender, entre tantos outros valores, ao olhar para si próprio, poder expressar empatia e alteridade para com o outro.

A psicoterapia não se propõe a limpar os vidros de sua janela, isso é com você, porém, você não estará sozinho nesse esforço.

Afinal, não dá pra contar sempre com a disposição do maridão pra lavar os vidros da cozinha, ainda mais em um domingo pela manhã, não acha?

Pense nisso.

Abraços!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Interesse

É interessante como existe gente interessada, gente interesseira e gente interessante.
Gente interesseira que chama você no MSN para pedir a cópia de um trabalho da faculdade. Gente interessada em saber se você conseguiu o novo emprego que procurava. Gente interessante, gentil, carinhosa e bonita, bonita mesmo. Gente interessante que dá vontade de conversar por horas. Gente interessada em saber como você está passando hoje. Gente interesseira que espera que você simplesmente consiga aquilo que elas precisam. Gente interesseira porque você pode ajudá-los nos trabalhos da faculdade. Gente interessante que tem bom conteúdo pra te passar. Gente interessada em saber se você tem ou não carona. Gente interesseira que senta perto de você pra poder pegar carona. Gente interessante que você poderia caminhar com ela. Gente interessante que sabe falar e sabe lhe ouvir. Gente interesseira que só sabe falar de seus interesses e nunca deixa você falar. Gente interessante que deixa você sem fala. Gente interessada em saber o que você precisa falar. Gente interessada em amar e ser amado. Gente interesseira que se preocupa com quanto você ganha e que posição ocupa.
Gente interessante... interessante...muito interessante.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Quebra

Toda quebra de relacionamento é dolorosa, não importa qual seja o tipo de relacão. Um amigo que já não é mais amigo, parece que foi um dia, mas, vc não sabe exatamente, pq estavam sempre juntos, rindo, confidenciando coisas, mas, hj nada é igual, não se olham mais na cara um do outro, e a distância entre eles é imensa, continentes separados, idiomas q não se conversam. Há amigos q são mais próximos do q irmãos, porém, a relação acabou. Motivos? Todos dizem ter os seus, não importa.
Dor terrível é aquela q aparece qdo vc precisa reconhecer no necrotério, sim, aquela pessoa q amava, q conviveu anos e anos com vc, mas, q a morte, a dura morte fez questão de quebrar o relacionamento entre vcs. Implacável morte, capaz de roubar lentamente ou num piscar de olhos alguém q vc mto amava, q não imaginava perder assim daquele jeito estúpido e cruel.
A vida é marcada por dores, dores de parto, dores no peito, dores no coração, dor da quebra e do rompimento de relações. Culpados? Dinheiro, ciúmes, intolerância, desafeto, traição, morte...
Disseram que a morte é a última "inimiga" a ser vencida... Relações, relacionamentos interrompidos, quebrados pela morte são os mais terríveis, dor q não passa, da negação até a aceitação de Kübler-Ross, há mto sofrimento q parece infindável, incomparável e intransferível.
Tenho pra mim, no entanto, que a mais desgraçada das quebras de relação se chama divórcio, sim, muito pior que a morte...
Duas pessoas deixam suas vidas e se tornam uma pessoa, juntam seus sonhos, acumulam segredos, trocas de confidências, juras de amor, promessas pra vida toda, intimidade escancarada entre ambos, somam bens, somam "maus", doação, cuidados, paixão, amor, cachorros, crianças e parentes.
Um mundo novo é criado e destruído pela bomba atômica dita como separação, desquite, divórcio. Pouco importam as razões, os danos são permanentes, a radioatividade levará a vida toda para se dissipar totalmente. Se não mortos por dentro, dessa tragedia todos saem machucados, feridos, estresse pós-traumático, medo, insegurança, afinal, o mesmo raio pode cair ou não no mesmo lugar duas vezes?
Quando alguns homens perguntaram para Jesus Cristo se era correto autorizar o divórcio, ele, sabiamente lhes disse q isso havia sido autorizado lá atrás por Moisés, tão somente pela dureza do coração daquela gente, e, nunca, nunca porque era o ideal dos planos de Deus. É verdade, Deus já sabia de todas as consequências, dos terríveis desdobramentos da quebra deste tipo de relação.
O divórcio surgiu como expressão da dureza do nosso coração.
Portanto, de uma relação tão forte quanto a morte, ela se transformou, se quebrou, se despedaçou, portanto não mais o amor, mas, o divórcio se tornou tão forte quanto a morte

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Fone de ouvido

Você já se deu conta da quantidade de pessoas, sejam nas ruas, nos ônibus, que estão usando fone de ouvido?
Confesso que, embora pareça absolutamente natural, e, não seja novidade, tal fato tem me levado a pensar. O número de fones de ouvido reflete tão somente o progresso tecnológico? Trata-se de uma geração apaixonadíssima por música e que não vive sem a mesma? Ou, será que o barulho do "mundo" está tão insuportável assim?
Bem, é impossível se esconder da tecnologia, ela está aí no seu computador, esta aqui neste blog. Embora o ponto zero do MP3 tenha surgido no final da década de 80, realmente a sua explosão se deu através do Napster. Assim como a música foi comprimida, de certa forma, todos os players também. Imagine que não seria muito confortável andar nas ruas ouvindo seu vinil através de um fone de ouvido rs. Mini System, Walkman, Discman ficaram há muito pra trás, em 1997 foi criado um primeiro aparelho capaz de rodar musicas no formato MP3. Bom, com o genial lançamento do Ipod em 2001, Steve Jobs e sua lucrativa Apple fizeram o portátil player ir parar no bolso do papa e de milhares de pessoas espalhadas pela terra. No entanto, Iphone, Smartphone ou os "simples" celulares que tocam mp3 estão nas mãos de quase todo mundo, crianças, jovens, idosos, ou seja, na palma da mão podemos ter o "mundo musical" e, melhor, personalizado, só pra nós.
Certo, deixando essa chatice histórica, o fato é que você tem um aparelhinho suficientemente pequeno, onde cabem suas músicas, gravações, vídeos, etc., e, você praticamente pode entrar nele ou ele em sua cabeça, tanto faz. O cordão umbilical é o fone de ouvido. Alias, há fones de todos os modelos, cores, tamanhos, fones bluetooth (estou louco pra comprar um desses).
Quanto tempo você passa por dia com seu fone de ouvido? Para onde você o leva? O que o faz ser tão imprescindível?
É óbvio que aquela multidão a andar pelas ruas, a se amontoar dentro dos ônibus, estão ouvindo algo através dos seus fones de ouvido, e, talvez não seja tão claro, mas, todas elas estão deixando de ouvir outros sons, agradáveis ou não.
Um dia desses, eu quis perguntar a um sujeito acerca de um itinerário de ônibus, porém, confesso que fiquei constrangido ao perceber que ele estava com um fone de ouvido gigante e imponente, fiquei então sem jeito de incomodá-lo, de interrompê-lo, de desconectá-lo do seu "mundo". Mas, o pior mesmo é quando o cobrador de ônibus é que está com fone de ouvido, e, eu sei que ele é o cara mais indicado pra me dizer em que ponto devo descer.
Não vai demorar muito pra recebermos em nossos consultórios pessoas com algumas reclamações do tipo:
- Como posso discutir nossa relação se meu cônjuge não tira aquele maldito fone de ouvido?
- Tento conversar com meus filhos, mas eles sempre dão a desculpa que não conseguem ouvir por causa do fone de ouvido.
Será que queremos muito ouvir aquelas músicas o dia todo, ou, na verdade, apenas não queremos ouvir alguns sons que nos incomodam. Sim, como a voz daquelas mulheres que falam dos problemas com os maridos, das aventuras de educar os filhos. Aquele sujeito que tenta dizer ao amigo que se senti bastante triste desde que sua esposa o deixou.
Sejamos francos, conseguir um lugar para sentarmos no ônibus, aumentarmos o volume do som, nos dá uma sensação incrível, nos transporta para qualquer lugar longe daquele falatório. Do outro lado da moeda, como nos sentimos quando temos vontade e mesmo necessidade de falarmos com alguém? Sei lá, precisamos falar com alguém, só isso, mas acontece que elas estão com seus fones de ouvido e, apesar de termos o nosso também, ele não é capaz de nos entender de fato, ele é excelente para nos distrair, nós o ouvimos, mas ele não nos ouve, a mão é única, ele nos traz conteúdos, mas não tá nem aí com o nosso conteúdo.
Pensando assim, ninguém pode depender apenas do seu fone de ouvido, do contrário, nos tornamos incapazes de falar e de ouvir outros sons. E, sabem, no final das contas, o som que queremos menos ouvir não são dos carros, das buzinas, são o som que saem das palavras das pessoas que nos cercam. Este tipo de som quase sempre nos incomoda e quase nunca nos interessa, afinal, o que de fato as pessoas têm a dizer que pode me servir pra alguma coisa?
Não há dúvida, curtirmos bem mais falar do que ouvir.
Há poucos dias eu saí pra lanchar com um amigo, e, apesar de minha natural disposição para ouvir pessoas, seus problemas, seus conflitos, enfim, ouvi-las, confesso que me deu vontade de botar meu fone de ouvido, não pelo tipo de demanda, mas, pela incapacidade da outra pessoa em me ouvir, falar dela e de suas coisas se mostrou infinitamente mais importante do que me ouvir, ouvir meu nome completo, ouvir meus planos, ouvir sobre as dificuldades do meu trabalho.
Quase todos querem ou necessitam de uma escuta, entretanto, pouquíssimos estão dispostos a serem escuta, ainda mais porque um bom e velho fone de ouvido pode protegê-los contra as vozes, não contra as vozes ouvidas por psicóticos e esquizofrênicos, mas, sim pelas vozes reais, do cotidiano, das absolutamente audíveis, aflitas ou não.
Sinceramente, as pessoas em sua maioria não querem nem mesmo se ouvirem. Caminham e correm nos parques e são incapazes de ouvir seus batimentos cardíacos, sua respiração, o som da natureza, seus próprios pensamentos, antes, estão plugadas em seus fones de ouvido, entretidos, alienados muitas vezes por algo que nem mesmo entendem ou que nem mesmo lhes interessam, apenas os distrai, os protege dos demais "estressantes" sons.
Fazendo um paralelo com um escritor antigo que indagava: - Como poderão crer se não ouvirem a mensagem, e como poderão ouvir a mensagem se não houver ninguém para falar, posso perguntar: Como as pessoas falarão dos seus problemas se não há ninguém para ouvi-las, e como as pessoas conseguirão ouvir se as pessoas não falarem porque ambos estão com seus fones de ouvido?
As pessoas precisam ser ouvidas, nós precisamos ouvir a nós mesmos, nosso coração, portanto, que tal tirarmos nossos fones de ouvido de vez em quando?
Por fim, poderemos nos ajudar muito se nos escutarmos um pouco mais, ainda que nos incomode um pouco e que os sons ouvidos não sejam tão agradáveis quanto àqueles dos nossos Ipod`s.
Então, experimente tirar um pouco seu fone de ouvido hoje.
Abraços